Crochê na Terceira Idade: uma redescoberta cheia de benefícios

Por: Márcia Lino
Minha trajetória até o Crochê
Durante muitos anos, tive uma rotina intensa como professora. Lecionava em três turnos — manhã, tarde e noite.
Lecionei diversas disciplinas, especialmente, Matemática Financeira, Gestão Financeira, Custos e Logística. Sempre tive facilidade para trabalhar esses conteúdos, mas sabia que exigiam muito dos alunos. Por isso, buscava estratégias criativas para tornar o aprendizado mais acessível.
Após a aposentadoria, continuei atuando na docência, pois sempre gostei de sala de aula. Mesmo sendo exigente em relação ao comportamento e comprometimento, conseguia manter uma relação amigável com meus alunos.
No entanto, com a chegada da Pandemia da Covid-19, me vi obrigada a deixar, definitivamente, a sala de aula. O risco era alto demais e decidi parar.
O meu ritmo de vida mudou completamente. Sala de aula, preparação de conteúdo, elaboração e correção de provas, de repente, não faziam mais parte do meu cotidiano.
A pausa foi bem-vinda, no começo — descansei, organizei minha rotina, tive tempo só pra mim. Mas depois de três meses, percebi que a ociosidade não combinava comigo. Voltei aos estudos, na modalidade EAD, fiz uma graduação em Sistemas para Internet, além de diversos cursos livres, principalmente, na área de Tecnologia e Programação.
Mesmo assim, sentia que algo ainda me faltava — principalmente à noite, quando a televisão já não bastava para preencher meu tempo. Foi então que uma memória da infância me reconectou ao crochê. Aprendi a fazer crochê em Campos Altos/MG, ainda criança, com Dona Joaquina Ramos – uma professora paciente, gentil e muito habilidosa. Ela nos reunia ao redor de uma grande mesa e nos ensinava, com toda dedicação. Tudo o que sei de crochê aprendi com ela.
Decidi voltar a fazer crochê. Comprei os materiais e comecei a fazer algumas peças, acompanhando tutoriais no YouTube. Fiquei feliz com os resultados e, principalmente, por me sentir ativa novamente. De acordo com especialistas, o crochê é uma atividade altamente recomendada para pessoas da terceira idade, pois proporciona inúmeros benefícios físicos, mentais, emocionais e sociais.
Benefícios do Crochê para a Terceira Idade
Benefícios Mentais e Cognitivos
- Estimula a memória e atenção: seguir padrões, contar pontos e lembrar técnicas fortalecem a memória e a atenção;
- Pode previnir o declínio cognitivo: atividades manuais, como o crochê, podem reduzir o risco de demência.
- Melhora a concentração: o foco exigido pela prática ajuda na atenção plena.
Benefícios Físicos
- Desenvolve a coordenação motora fina: os movimentos repetitivos com agulha e linha melhoram a destreza manual;
- Ajuda na mobilidade das mãos e articulações: mantém as mãos ativas, sendo benéfico até para quem tem artrite leve;
- Melhora a postura e promove a respiração consciente: pode contribuir para uma melhor postura e respiração.
Benefícios Emocionais
- Reduz o estresse e a ansiedade: a prática é relaxante e quase meditativa.
- Melhora a autoestima e a confiança: concluir uma peça traz satisfação e orgulho;
- Estimula a paciência e a resiliência: aprender novos pontos e terminar projetos exige dedicação.
Benefícios Sociais
- Promove novas amizades: grupos de crochê promovem convivência e troca de experiências.
- Empreendedorismo: é possível gerar uma renda extra com a venda das peças.
- Conexão familiar: ensinar ou aprender crochê com familiares fortalece os laços afetivos.
Reconhecimento que veio pelas encomendas
Comecei fazendo crochê só para mim, sem nenhuma pretensão de vender. A ideia inicial era apenas ocupar meu tempo, sem pensar em vendas. No entanto, os elogios e as encomendas de parentes e amigos vieram naturalmente — e com eles, o reconhecimento do meu trabalho. Fiquei ainda mais motivada!
Com carinho, compartilho essa experiência, esperando que ela motive outras pessoas a usarem o crochê como uma forma agradável de preencher o tempo livre.
Ficar parada não é a melhor escolha.
Bora fazer crochê!
A seguir, veja algumas das minhas peças, que produzi com muito carinho: