Relação entre netos e avós
Por: Márcia Lino
Netos... como não amá-los!
São poucas as lembranças de relacionamento afetivo com minha avó materna. Era brava e não gostava de barulho. Afinal, com 17 netos, quem não iria reclamar da confusão da criançada. Sendo seis, lá de casa, filhos de dona Tereza e Sr. José.
O tempo passou, as novas gerações optaram por menos filhos e a vida, aparentemente, ficou mais confortável. As novas avós, como eu, ficaram mais afetuosas e agarradas aos netos.
Meus filhos, Alice, Márcio e Paulo, tiveram respectivamente, Théo, Isa e Olívia. Netinhos queridos que vieram para alegrar a minha vida. Estamos esperando Helena, filha de Paulo, que nascerá em setembro.
Netos despertam emoções, alegria e uma nova maneira de convivência em família. O espaço passa a ser deles. Brinquedos, lápis de cor, caderno de desenho e papel picado voltam a fazer parte da decoração da casa de vó.
Diferente dos filhos, a interação com os netos acontece mais no social, no entretenimento e prazer de curtir cada momento da companhia deles. Pois, não nos é cobrada a responsabilidade da criação. Quando há intervenção da nossa parte na educação dos mesmos, isso acontece de forma esporádica. Cabe aos pais prover o sustento, a educação e a saúde.
Que bom podermos nos dar ao luxo de curtir os melhores momentos ao lado deles. Ficamos preocupadas, quando um adoece e a vontade é de beijar, abraçar até que os sintomas desapareçam.
Em rodas de amigas, quando o assunto gira em torno dos netinhos, o papo vai longe. Todas têm histórias para contar, mostram fotos, contam suas proezas e evidenciam seus grandes feitos. Bom demais! Percebi que algumas priorizam a companhia dos netos, em detrimento de amigos e outros familiares. Adiam viagens e planos pessoais. Deixam de viver a própria vida.
Como explicar tamanha interatividade entre avós e netos? A minha curiosidade me levou aos estudos do antropólogo James Rilling, da Universidade de Emory, Atlanta - Estados Unidos
O estudo foi desenvolvido com a participação de 50 mulheres saudáveis, que responderam perguntas a respeito de suas vivências como avós: “quanto tempo passavam juntos, atividades que desenvolviam e quanto carinho sentem por eles”.
Além disso, as mulheres foram submetidas à ressonância magnética funcional, para medir a função cerebral enquanto visualizavam fotos. Foram mostradas a elas fotos do seu neto, de uma criança desconhecida, do pai, do mesmo sexo, do neto e de um adulto desconhecido.
Os resultados mostraram que “ao visualizar as fotos de seus netos, a maioria das participantes apresentou mais atividade nas áreas cerebrais envolvidas com a empatia emocional e o movimento, em comparação com as outras imagens”.
Duas conclusões do Dr. James Rilling merecem destaque:
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“... as avós tendem a sentir o que seus netos sentem, quando interagem com eles. Se está sorrindo, elas sentem a alegria da criança. Da mesma maneira, se chora, elas sentem a sua dor e angústia.”
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“... o estudo também descobriu que, diante das imagens dos filhos adultos, as mulheres mostraram uma ativação mais forte em uma área do cérebro associada à empatia cognitiva. Indica que elas podem estar tentando entender cognitivamente o que seu filho adulto está pensando ou sentindo e por quê, mas não tanto do lado emocional.”
Então, cientificamente, foi comprovado que avós e netos se relacionam, emocionalmente, de forma especial.
Devemos agradecer o privilégio de participar da vida dos netos, mesmo que nem sempre seja de forma presencial. Temos que acompanhar o desenvolvimento deles, mas, cuidando para não interferir nas regras impostas pelos pais. Nem sempre é fácil!
Netos.... e o tempo passa!
Em setembro de 2023, Helena chegou. Muito fofa e com muita saúde.
Olívia, Isa e Théo crescem e se divertem...